segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Nasce em Espanha o primeiro bebé seleccionado para não ter um gene relacionado com cancro da mama

   Espanha deu um passo no sentido de abrir mais a porta à selecção de embriões. Um casal recorreu à procriação medicamente assistida para garantir que teria um bebé livre de uma mutação genética fortemente relacionada com o cancro da mama e que afectou várias pessoas da mesma família. O bebé, um rapaz, nasceu no final de 2010 mas só agora os investigadores catalães vieram dar a conhecer o caso, noticia o diário espanhol El Mundo. 

Em causa está o gene BRCA1 que, à semelhança do gene BRCA2, leva a que os seus portadores (em especial as mulheres, mas também alguns homens) tenham uma probabilidade acrescida de virem a desenvolver tumores da mama, ovário ou pâncreas. No caso do cancro da mama hereditário, há 60 por cento de hipóteses de os portadores da mutação genética virem a sofrer da doença e 20 por cento de terem cancro nos ovários, refere o El País. Em 99 por cento dos casos a doença afecta as mulheres, mas pode ser bastante mais grave nos homens.

Este era precisamente o caso do casal que recorreu ao Programa de Reprodução Assistida de Puigvert-Sant Pau de Barcelona para colocar um ponto final no historial de cancro que tinha na sua família.
À semelhança de Portugal, a lei espanhola permite a selecção genética de embriões em algumas doenças relacionadas com um único gene e com consequências muito graves e sem solução, como é o caso da fibrose quística.
No entanto, no caso do cancro, por ser uma patologia mais complexa e com várias origens, nomeadamente ambientais, os casos são vistos um a um.
O presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida  português, Miguel Oliveira e Silva salientou que não há registo de um caso semelhante em Portugal e lembrou que é preciso avaliar criteriosamente cada situação, já que “ser portador de um gene não significa que se venha a ter cancro” e por existirem “muitos factores, como a alimentação, que influenciam” este tipo de patologias.

No caso espanhol, após a autorização, foram fecundados in vitro vários óvulos e foi feito um Diagnóstico Genético Pré-implantacional aos embriões, de modo a excluir os portadores do BRCA1. Os investigadores espanhóis implantaram, depois, vários embriões mas só um sobreviveu. Contudo, alertam que este bebé não está totalmente livre de vir a ter um cancro, já que apenas foi feita a selecção para um gene, e rejeitam que esta venha a ser uma prática aplicada em larga escala. Ainda assim, para o BRCA1 a história negra da família foi mesmo interrompida.
A Comissão Nacional de Reprodução Assistida pondera que no futuro deixem de ser precisas autorizações prévias para seleccionar embriões caso as famílias tenham no seu historial determinadas doenças hereditárias graves. 


Fonte: http://www.publico.pt/Ci%C3%AAncias/nasce-em-espanha-o-primeiro-bebe-seleccionado-para-nao-ter-um-gene-relacionado-com-cancro-da-mama-1485506


4 comentários:

  1. Visto deste modo até parece fácil passar a perna ao cancro... mas infelizmente este tipo de método só é possível em casos de cancros hereditários, e estes de entre todos são muito raros... o que não tira o mérito a este feito mas é necessário ter a consistência de que a maioria dos cancros surgem devido a exposição a certos agentes que levam ao aparecimento de mutações e por sua vez ao aparecimento do cancro... por isso é melhor começarmos mas é a comer bem e a fazer exercício fisco para que a nossa saúde se mantenha firme!

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  2. É otimo que a ciência esteja a avançar assim desta maneira, visto que isto vai embater nos problemas éticos e morais o que torna o avançar da ciência não tao dinâmico como poderia ser, mas devagar se vai ao longe! é este o caminho que se tem que percorrer!

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  3. O que era bom era que pudéssemos escolher os bons genes e retirar os maus,assim só nasceriam crianças de boa saúde! No entanto,como compreender o genoma humano e controlá lo é praticamente impossível nos dias de hoje, temos de ter esperança que hajam progressos no sentido de evoluir no mundo de genética para podermos controlar problemas que na actualidade não conseguimos controlar.

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