Queres ajudar o clima? Que tal reduzir o teu consumo de carne?
Pelo menos no mundo desenvolvido,
esse passo pode ser necessário a fim de estabilizar os níveis atmosféricos de
um gás do efeito estufa, o óxido nitroso.
O óxido nitroso é o maior contribuinte do homem para a destruição do ozono estratosférico (o “buraco de ozono”), e
o terceiro gás que mais contribui para o efeito estufa, depois do dióxido de carbono e do
metano.
Cerca de 80% das
emissões humanas de óxido nitroso são provenientes da criação de gado. Certas bactérias convertem o nitrogênio encontrado no esterco
bovino ou o excesso deixado no solo em gás óxido nitroso. Cada quilo de
carne que comemos requer múltiplos quilos de grãos, e cada grão, por sua
vez, requer a utilização de fertilizantes contendo azoto, de modo que a
quantidade de óxido nitroso liberado por caloria da carne e lacticínios
é muito maior do que se apenas comêssemos cereais, verduras, legumes e
frutas.
Pesquisadores analisaram várias trajetórias possíveis para as futuras emissões
de óxido nitroso, inclusive estabilizar os níveis atmosféricos de óxido nitroso
deste século. Eles consideraram que alterações às emissões seriam necessárias
para atingir esta meta.
Uma abordagem para reduzir a quantidade de óxido nitroso emitida é a
utilização de azoto de maneira mais eficiente para cada quilo de grãos ou carne
produzido. Mas reduzir a demanda por carne também é eficaz.
“Se quisermos chegar à redução mais agressiva – o que realmente estabiliza
o óxido nitroso – temos que usar todos os itens acima, incluindo mudanças na
dieta”, disse o pesquisador Eric Davidson.
Ele mostrou que seria
necessário reduzir o consumo de carne no mundo desenvolvido em 50% para gerir o
azoto duas vezes mais eficientemente.
Essa análise é consistente com outros estudos, como um relatório de 2006 da
ONU, que afirmou que a pecuária contribui mais à mudança climática do que o
transporte.
Se incluirmos o metano –
liberado em grandes quantidades por ruminantes como o gado – e as emissões de
dióxido de carbono da produção de fertilizantes, as emissões de gases de efeito
estufa provenientes da agricultura e pecuária são ainda maiores.
O óxido nitroso é liberado em quantidades muito menores do que o dióxido de
carbono e o metano, mas é cerca de 300 vezes melhor em capturar calor, e dura
na atmosfera por cerca de 100 anos, de modo que cada uma de suas moléculas
contribui muito ao aquecimento climático.
Então, a solução é a
redução do consumo de carne.
Mas isso tem chances de acontecer?
Davidson ressalta que, 30 anos atrás, ninguém acharia possível que o tabagismo
fosse proibido em bares, ou que o consumo de cigarro diminuísse. Tudo pode
acontecer.
De acordo com o estudo de Davidson, o consumo anual médio per capita de
carne no mundo desenvolvido foi de 78 quilos em 2002 e está projetado para
crescer para 89 quilos em 2030. Enquanto isso, no mundo em desenvolvimento foi
de 28 quilos em 2002, projetado para crescer para 37 em 2030.
“Temos vivido de uma forma muito luxuosa. Ir de 82 kg de carne por ano a 40
não deveria ser pedir muito”, disse a cientista Christine Costello.
Fonte: http://hypescience.com/quer-salvar-o-planeta-pare-de-comer-carne/ e http://www.amambainoticias.com.br/meio-ambiente-e-tecnologia/salve-o-planeta-pare-de-comer-carne